sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Associação descreve filmes para deficientes visuais e auditivos


18/02/2009
Por Patrícia Resende
Tornar possível a compreensão de um filme por deficientes auditivos e visuais. Esse é o objetivo da Midiace (Associação Mídia Acessível), instituição sem fins lucrativos dedicada à legendagem e audiodescrição de produções para pessoas com esses tipos de necessidades especiais. A associação atendeu aproximadamente 600 pessoas desde a sua criação, em agosto do ano passado.
O primeiro filme a receber os recursos do projeto foi o drama nacional Signo da Cidade, dirigido pelo também ator Carlos Alberto Riccelli, em junho de 2008. O trabalho de legendagem e audiodescrição foi feito por Rodrigo Campos, presidente da associação, Cíntia Araújo, Leise Abreu e Renise Santos. "A iniciativa nasceu da vontade de se colocar em prática os conhecimentos adquiridos no curso de tradução da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), mas, sobretudo, de tornar a magia do cinema acessível ao público de deficientes visuais e auditivos", declarou Campos em entrevista ao Cinema em Cena.
O trabalho feito no longa pôde ser conferido em diversas capitais, como Belo Horizonte, Salvador e São Paulo, além de várias cidades do interior. Motivado com a boa recepção do projeto, a iniciativa está sendo desenvolvida em Salvador, Fortaleza e BH, onde está a sua sede. Campos ainda completa que "por se tratar da primeira associação brasileira de audiodescritores (certificados pelas universidades) e contar com associados de várias regiões, podemos dizer que já contamos com representantes na maioria dos estados brasileiros".
Para se fazer a legendagem e roteiro da audiodescrição, é necessário o domínio de português, software para marcação de tempo e percepção audiovisual, em cinema, TV e teatro. Segundo o presidente da associação, também é preciso ter a compreensão de "o que" e "como" audiodescrever e sintaxe-chave. "Para quem deseja uma certificação acadêmica, os cursos de legendagem e audiodescrição são oferecidos nas UFMG, UFBA e UECE", informa Campos.
A associação também está desenvolvendo a “Campanha Nacional pela Audiodescrição”, que tem como objetivo a implementação do recurso em todo Brasil. Para isso, serão exibidos vídeos com artistas como Reynaldo Gianecchini, Cazé e Marcos Frota, nos cinemas e redes de televisão do país. Também faz parte da iniciativa um vídeo, gravado em outubro, com a atriz Lucélia Santos sobre a importância da audiodescrição e legendagem para os surdos, lançado no 1º Encontro Nacional de Audiodescritores, em São Paulo.
O vídeo explicativo rodado pela atriz foi patrocinado pela AeC, empresa de gerenciamento de projetos, outsourcing, consultoria, contact center e treinamento. Quando começou a desenvolver a campanha, a Midiace enfrentou problemas para arcar com os gastos das gravações, por se tratar ser uma associação sem fins lucrativos. Assim, a AeC arcou com os custos, tornando o projeto viável.

Os funcionários com deficiência auditiva e visual da empresa também têm a oportunidade de participar de sessões com esse recurso.
Além da campanha, a associação já fez a audiodescrição de quatro filmes estrangeiros para a Rede Globo. “Esses longas serão exibidos em cadeia nacional assim que a audiodescrição for implantada na TV”, declarou Campos.
A AeC é sócia do Cinema em Cena. ----- Crédito das fotos: Dimang Kon Beu

Encontro defende a audiodescrição na TV, Cinema e Teatro



CARINA LELLES - DA REDAÇÃO. Levar a audiodescrição para todas as salas de cinema e emissoras de televisão. Este é o objetivo do 1º Encontro Nacional de Audiodescritores realizado hoje na cidade de São Paulo. O encontro terá a participação do estado através de uma associação de Belo Horizonte e uma produtora de vídeos de Divinópolis.A audiodescrição ainda é desconhecida pelo grande público, a afirmação é do presidente da Associação Mídia Acessível (Midiace), Rodrigo Campos. A associação sem fins lucrativos irá participar do 1º Encontro Nacional de Audiodescritores.O recurso permite a inclusão de pessoas com deficiência visual em cinema, teatro e programas de televisão, onde o telespectador possa ouvir uma locução que descreve imagens, textos e demais informações visuais. No Brasil, segundo dados do IBGE, existem aproximadamente 16,5 milhões de pessoas com deficiência visual total e parcial, que encontram-se excluídos da experiência audiovisual e cênica. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) avaliou recentemente que não havia no Brasil quantidade suficiente de mão-de-obra especializada para fazer a áudio-descrição. O presidente da Midiace, Rodrigo Campos, rebate esta avaliação. Segundo ele, um estudo realizado em Brasília garantia a formação de pelo menos 160 audiodescritores por ano em todo o país. “Se revogar não é por falta de profissionais”, afirma Campos.A revogação, citada pelo presidente da Midiace, é sobre a portaria publicada no Diário Oficial da União, pelo Ministério das Comunicações estabelecendo que até 31 de outubro, as emissoras de TV brasileiras deveriam oferecer duas horas diárias com o sistema de audiodescrição. Porém, no último dia 14 de outubro, o Ministro da Comunicação, Hélio Costa, assinou portaria 661 que no Artigo 4º “Fica suspensa a aplicação dos subitens 7.1 e 9.1 da Norma Complementar nº. 01/2006, aprovada pela Portaria nº. 310, de 27 de junho de 2006, publicada no Diário Oficial da União nº 122, de 28 de junho de 2006, no que se refere à obrigatoriedade de adaptação e veiculação na programação exibida pelas exploradoras do serviço de radiodifusão de sons e imagens e do serviço de retransmissão de televisão do recurso de acessibilidade de que trata o subitem 3.3 da mesma Norma”.VídeoHoje será apresentado no encontro um vídeo explicativo que foi produzido pela Cinemarketing Filmes de Divinópolis. O vídeo conta com a participação da atriz Lucélia Santos e do VJ Cazé Peçanha que gravaram depoimentos de áudio e vídeo que integrarão essa campanha. Na próxima semana será a vez de Reynaldo Gianecchini e Camila Morgado gravarem seus depoimentos. O diretor audiovisual, Guto Aeraphe, conta que o convite partiu de Rodrigo Campos e que após conhecer o projeto abraçou a causa. Ele ainda explica que a campanha será dividida em duas partes: a primeira é o vídeo explicativo para ser apresentado em encontros e conferencias e o segundo será a campanha publicitária para salas de cinema, televisão e teatro.