terça-feira, 15 de setembro de 2009

Disney disponibiliza nova ferramenta de audiodescrição

Disney acaba de lançar um novo aparelho para pessoas com deficiência visual.

Audio Description – ou DURATEQ – é o novo aparelho desenvolvido pela Disney, HP e Softeq para os seus visitantes comdeficiência visual. Essa nova ferramenta foi desenvolvida com o objetivo de possibilitar que os visitantes com problema de visão possam desfrutar das mais famosas atrações da Disney como Haunted Mansion ou Pirates of the Caribbean, por meio de ricas narrações descritivas.

A sincronização de tais descrições também só é possível graças a uma tecnologia de localização e sincronização – patenteada pela própria Disney – e que possibilita a troca de informações do aparelho com uma série de dispositivos dispostos ao longo dos quatro parques temáticos existentes no Walt Disney World Resort. Os sinais são captados pelo aparelho que automaticamente faz a sincronia da narração. Observe-se que a narração do aparelho é totalmente diferente daquela já existente para a atração, muito mais rica em detalhes, exatamente com o objetivo de transmitir ao visitante aspectos que apenas aqueles com boa visão poderiam até então desfrutar.

Curiosidade: A colaboração entre a HP e a Disney vem de longa data, desde 1938 quando os fundadores da HP: Bill Hewlett e Dave Packard disponibilizaram o equipamento utilizado pela Disney para acrescentar o efeito “surround” no filme Fantasia.

Destaque-se que também já era oferecido aos visitantes com deficiências visuais, outros aportes como: mapas dos parques em braile e também um Walkman onde o usuário pode escolher para que funcione como um “audio guide”, mais semelhante a um guia; ou, como um “audio tour”, esse sim mais descritivo, com informações sobre as atrações. Todavia, é de se imaginar que tais dispositivos caiam em desuso com o advento desta nova tecnologia, ou seja, o Audio Description.

Muito bom ver que em alguns lugares do mundo já entenderam que as pessoas com deficiência podem, querem e precisam ter acesso ao lazer!

Abrindo a Janela da Audiodescrição na Televisão Digital

Por Phill Cain phil@headstar.com

A Televisão Digital pode proporcionar programação com descrição áudio, realidade que estará largamente ultrapassada nos próximos anos, uma inovação bem-vinda para os deficientes visuais. A audiodescrição baseia-se na emissão de um canal de som novo com descrições verbais de elementos visuais dos programas de televisão, engrandecendo muito a experiência das pessoas cegas.

No entanto, a transição não será fácil, gerando acessibilidades com novos potenciais como o aparecimento de tipos diferentes de "set-top boxes" e de aparelhos de televisão digitais diferentes, oferecendo uma variedade de meios mais ou menos acessíveis, para descodificar os canais digitais quando são transmitidos.

Em alguns países, a televisão analógica tradicional tem sido utilizada para transmitir audiodescrição desde 1983, quando o operador estatal japonês NTV começou a emitir programas audiodescritos em horário não nobre. Subsequentemente, a televisão da Catalunha em Espanha transmite ocasionalmente emissões com audiodescrição no seu canal aberto desde os finais dos anos 80.

Considerações sérias a respeito da audiodescrição na Europa tiveram que esperar até à realização de um estudo financiado pela Comissão Européia a que se chamou de Auditel. Mas enquanto a Europa ponderava, o operador público de Boston WGBH já produzia 10 horas diárias de áudio-descrição - ver http://main.wgbh.org/wgbh/access/dvs/

A WGBH foi possível graças a uma rede de cabo analógica há muito estabelecida: cada canal de televisão tem um segundo canal áudio, que, apesar de não ser de alta-fidelidade, pode ser utilizado para suportar a audiodescrição. Através do serviço da rede o canal é visto por cerca de 50% das casas americanas.

No Reino Unido e na maioria dos países europeus não existiam as infra-estruturas necessárias à emissão em multicanal, e a primeira onda dos serviços de satélite analógicos também não têm um segundo canal. Consequentemente, a emissão de uma audiodescrição total teve de esperar pelo advento da televisão digital.

Na preparação da era digital, em 1998 a Comissão Independente de Televisão do Reino Unido traçou linhas mestras para os operadores comerciais sobre a percentagem de programas na Televisão Digital Terrestre que deveriam conter audiodescrição. Dentro de 10 anos, afirmou a Comissão, 10% dos programas devem cumprir esta recomendação, com uma percentagem mais baixa no período de transição. A BBC, que se regula a si própria, concordou admitir quotas semelhantes.

Em Junho deste ano a BSkyB, a maior companhia de televisão digital do Reino Unido, lançou um canal com audiodescrição da sua programação. A recente adesão da SKY ao código ITC (ver o boletim E-Access de Junho de 2001) significou que a maioria das campanhas sobre acesso têm de forma geral sido satisfatórios, uma vez que a maioria dos operadores do Reino Unido tem cumprido as suas quotas. No entanto, outros problemas de acesso mantêm-se.

Inicialmente, o maior problema era o fato da primeira geração de "set-top boxes" não ter sido concebida para captar a audiodescrição. Apesar das "set-top boxes" adaptadas ou novas serem concebidas para suportarem a pista de áudio, ainda não permitem uma navegação fácil através das centenas de canais oferecidos.

Isso significa que os deficientes visuais perdem com frequência nas emissões de televisão os programas com audiodescrição. A complexidade de horários da televisão digital é mostrada sob a forma de um guia de programação no monitor (EPG).

BSkyB tem desenvolvido esforços para ultrapassar este problema distribuindo os seus horários por correio eletrônico, mas esta solução é encarada como provisória por muitos. Para subscrever envie uma mensagem em branco para: diginews-epg-subscribe2yahoogroups.com

Os promotores do acesso esperam que uma solução mais satisfatória esteja a caminho, com a introdução de "set-top boxes" operadas por software. O RNIB está a trabalhar com a Sony e a NOKIA para os ajudar a desenvolver os sistemas operativos que aparecerão na próxima geração de "Set-Top Boxes". Pelo fato dos sistemas serem baseados principalmente em software e não em hardware, existe a esperança de que os problemas de acesso sejam resolvidos continuamente à medida que forem identificados.

A "Set-Top Box" da NOKIA com o Linux, chamada de "MediaTerminal" será lançada na Suécia no fim desta Primavera e chegará ao Reino Unido no próximo ano. Promete meios para ver e armazenar televisão digital, rádio juntamente com um acesso total à Internet. Pelo fato do seu sistema operativo Linux ser totalmente aberto, tais desenvolvimentos podem ser feitos por terceiros.

Mas tal tecnologia avançada não deverá ser barata. A caixa da NOKIA deverá custar mais ou menos 400 libras; e se o mercado de televisão e de tecnologia informática convergirem como esperamos, o software acessível, que funciona realmente, aparecerá como um prêmio.

Carta da 41a Edição do Festival Internacional de Londrina FILO 2009


Considerando:

As Resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para a Inclusão de Pessoas com Deficiência, organizada pelo Ministério da Cultura em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, ocorrida em outubro de 2008 na cidade do Rio de Janeiro;

A assinatura do Decreto Legislativo nº 186/08 que ratificou com equivalência constitucional a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2006;

Afirmamos que:

É inadmissível que os governos em todas as suas instâncias não cumpram as normas constitucionais já estabelecidas no Decreto acima citado, impedindo que milhões de pessoas exerçam seu direito de participar da vida cultural e artística de suas comunidades.

É inaceitável a utilização de recursos públicos nos âmbitos municipal, estadual, federal e do Distrito Federal para fins de financiamento de projetos e ações artísticas que não contemplem, obrigatoriamente, medidas de acessibilidade, contribuindo, dessa forma, para a manutenção de uma cultura de exclusão em relação a pessoas com deficiência.

Há necessidade de que artistas e criadores(as) com quaisquer deficiências tenham o direito de contribuir com sua arte para o bem comum em igualdade de oportunidades com artistas e criadores sem deficiência na participação de concursos, editais e festivais.

Assim, convictos da viabilidade e do sucesso de público e de crítica da qualidade artística apresentada na 41ª edição do evento, os(as) signatários(as) da Carta do Festival Internacional de Londrina – Filo 2009 reconhecem que:

1) Apenas por meio da adoção imediata de medidas de acessibilidade em todas as manifestações artísticas e culturais, em espaços públicos e de uso coletivo, haverá a democratização e a difusão da cultura.

2) A partir da iniciativa do Filo 2009, é urgente que outros eventos artísticos exercitem imediatamente a prática de uma cultura inclusiva multiplicando as medidas de acessibilidade já conhecidas e investindo na busca de novas soluções que combatam todas as formas de discriminação em relação a pessoas com deficiência.

Londrina, 11 de junho de 2009.