terça-feira, 15 de setembro de 2009

Abrindo a Janela da Audiodescrição na Televisão Digital

Por Phill Cain phil@headstar.com

A Televisão Digital pode proporcionar programação com descrição áudio, realidade que estará largamente ultrapassada nos próximos anos, uma inovação bem-vinda para os deficientes visuais. A audiodescrição baseia-se na emissão de um canal de som novo com descrições verbais de elementos visuais dos programas de televisão, engrandecendo muito a experiência das pessoas cegas.

No entanto, a transição não será fácil, gerando acessibilidades com novos potenciais como o aparecimento de tipos diferentes de "set-top boxes" e de aparelhos de televisão digitais diferentes, oferecendo uma variedade de meios mais ou menos acessíveis, para descodificar os canais digitais quando são transmitidos.

Em alguns países, a televisão analógica tradicional tem sido utilizada para transmitir audiodescrição desde 1983, quando o operador estatal japonês NTV começou a emitir programas audiodescritos em horário não nobre. Subsequentemente, a televisão da Catalunha em Espanha transmite ocasionalmente emissões com audiodescrição no seu canal aberto desde os finais dos anos 80.

Considerações sérias a respeito da audiodescrição na Europa tiveram que esperar até à realização de um estudo financiado pela Comissão Européia a que se chamou de Auditel. Mas enquanto a Europa ponderava, o operador público de Boston WGBH já produzia 10 horas diárias de áudio-descrição - ver http://main.wgbh.org/wgbh/access/dvs/

A WGBH foi possível graças a uma rede de cabo analógica há muito estabelecida: cada canal de televisão tem um segundo canal áudio, que, apesar de não ser de alta-fidelidade, pode ser utilizado para suportar a audiodescrição. Através do serviço da rede o canal é visto por cerca de 50% das casas americanas.

No Reino Unido e na maioria dos países europeus não existiam as infra-estruturas necessárias à emissão em multicanal, e a primeira onda dos serviços de satélite analógicos também não têm um segundo canal. Consequentemente, a emissão de uma audiodescrição total teve de esperar pelo advento da televisão digital.

Na preparação da era digital, em 1998 a Comissão Independente de Televisão do Reino Unido traçou linhas mestras para os operadores comerciais sobre a percentagem de programas na Televisão Digital Terrestre que deveriam conter audiodescrição. Dentro de 10 anos, afirmou a Comissão, 10% dos programas devem cumprir esta recomendação, com uma percentagem mais baixa no período de transição. A BBC, que se regula a si própria, concordou admitir quotas semelhantes.

Em Junho deste ano a BSkyB, a maior companhia de televisão digital do Reino Unido, lançou um canal com audiodescrição da sua programação. A recente adesão da SKY ao código ITC (ver o boletim E-Access de Junho de 2001) significou que a maioria das campanhas sobre acesso têm de forma geral sido satisfatórios, uma vez que a maioria dos operadores do Reino Unido tem cumprido as suas quotas. No entanto, outros problemas de acesso mantêm-se.

Inicialmente, o maior problema era o fato da primeira geração de "set-top boxes" não ter sido concebida para captar a audiodescrição. Apesar das "set-top boxes" adaptadas ou novas serem concebidas para suportarem a pista de áudio, ainda não permitem uma navegação fácil através das centenas de canais oferecidos.

Isso significa que os deficientes visuais perdem com frequência nas emissões de televisão os programas com audiodescrição. A complexidade de horários da televisão digital é mostrada sob a forma de um guia de programação no monitor (EPG).

BSkyB tem desenvolvido esforços para ultrapassar este problema distribuindo os seus horários por correio eletrônico, mas esta solução é encarada como provisória por muitos. Para subscrever envie uma mensagem em branco para: diginews-epg-subscribe2yahoogroups.com

Os promotores do acesso esperam que uma solução mais satisfatória esteja a caminho, com a introdução de "set-top boxes" operadas por software. O RNIB está a trabalhar com a Sony e a NOKIA para os ajudar a desenvolver os sistemas operativos que aparecerão na próxima geração de "Set-Top Boxes". Pelo fato dos sistemas serem baseados principalmente em software e não em hardware, existe a esperança de que os problemas de acesso sejam resolvidos continuamente à medida que forem identificados.

A "Set-Top Box" da NOKIA com o Linux, chamada de "MediaTerminal" será lançada na Suécia no fim desta Primavera e chegará ao Reino Unido no próximo ano. Promete meios para ver e armazenar televisão digital, rádio juntamente com um acesso total à Internet. Pelo fato do seu sistema operativo Linux ser totalmente aberto, tais desenvolvimentos podem ser feitos por terceiros.

Mas tal tecnologia avançada não deverá ser barata. A caixa da NOKIA deverá custar mais ou menos 400 libras; e se o mercado de televisão e de tecnologia informática convergirem como esperamos, o software acessível, que funciona realmente, aparecerá como um prêmio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário